A EVAPORAÇÃO EM AÇUDES NO
SEMIÁRIDO NORDESTINO DO BRASIL
A água é o insumo
básico da sobrevivência de todas as espécies e indicador do desenvolvimento de
uma região, sendo necessária atenção especial no seu manejo visando sua
conservação em qualidade e quantidade. Isso é alcançado por meio da gestão dos
recursos hídricos, que se refere aos procedimentos relativos a tentativa de
equacionar e resolver as questões da água e otimizar o seu uso.
Em um país tão extenso como o Brasil
deve-se ter bem definido esses conceitos, pois apresenta grande complexidade em
relação aos recursos hídricos devido principalmente a: irregularidade espacial
da disponibilidade de água e acentuada deterioração desses recursos .
Embora a disponibilidade de água no Brasil seja abundante, está
distribuída de forma
Irregular.
Percebe-se, assim, a grande diversidade hidrológica do território
brasileiro, sendo que, a região semi-árida configura o cenário mais crítico no
que se refere à escassez hídrica, necessitando de subsídios para implantação de
uma gestão que vise a racionalização do uso de suas águas com base na sua
realidade hídrica.
Percebe-se então que o
fenômeno da evaporação no semi-árido tem papel fundamental no dimensionamento e
manejo de obras hídricas, que deve ser minuciosamente investigado para
subsidiar ações de planejamento e gerenciamento na busca de um melhor
aproveitamento das águas reservadas.
A EVAPORAÇÃO NO SEMI-ÁRIDO
O clima semi-árido é
caracterizado pela insuficiência de precipitações com extrema
irregularidade quanto à sua distribuição temporal, concentradas em uma
estação de 3 a 5 meses de duração.
Aliado a característica regional de deficiência hídrica, deve-se
observar a variabilidade
temporal das vazões agravando esse cenário. Desse modo, para garantir o
atendimento das demandas de água nos períodos de seca, aproveitando-se a água
excedente dos meses úmidos, se faz necessária a construção de reservatórios.
Assim, reserva-se água para que haja oferta quando não houver chuva por um
determinado tempo.
O semi-árido engloba
cerca de 70 mil açudes de pequeno porte, os quais, de acordo com Suassuna
(2002), são caracterizados por volumes entre 10.000 e 200.000 m³ e representam
80% dos corpos d’água nos estados do nordeste.
Aliada a essa escassez, apresenta-se também, restrições relativas à
qualidade da água nos açudes, principalmente quanto à salinização das águas
acumuladas, o que gera prejuízo nas culturas e nos terrenos, além de
comprometer o consumo humano. Estima-se que um terço dos açudes do Departamento
Nacional de Obras de Combate à Seca (DNOCS) apresente esse problema em seus
perímetros irrigados (SUASSUNA, 2002).
Esse quadro é agravado, ainda, pelo fenômeno da evaporação, que provoca
perdas
significativas nessa qualidade e quantidade. A evaporação varia de 1000
mm/ano no litoral da Bahia a Recife, atingindo 2000 mm/ano no interior, sendo
que na área de Petrolina (Pernambuco) chega a 3000 mm/ano (IICA, 2002).
As altas taxas de
evaporação, aplicadas a superfícies livres de água, representam uma perda significativa
na disponibilidade hídrica de uma região e como a presença de açudes é um
cenário constante no semi-árido, o conhecimento das perdas por vaporação é a
base para se determinar qual o volume potencial disponível, informação de suma
importância para políticas de manejo dos recursos hídricos da região.
Para se dimensionar um reservatório deve-se estabelecer um meio termo
entre o custo da construção de sua estrutura e o custo que a falta de água pode
acarretar.
O déficit hídrico no
semi-árido nordestino é visto, quase sempre, considerando apenas o seu aspecto
quantitativo sem analisar a qualidade da água disponível. Esta visão conduz a
“soluções” que priorizam a acumulação de água, como se a presença deste bem fosse
suficiente para dirimir todos os problemas causados pela sua escassez. Daí a
construção indiscriminada de barragens na região. No entanto, continua havendo
sede no semi-árido, estando-se próximo ou afastado do espelho d’água.
A evaporação tem um
desempenho relevante no processo de salinização como agente facilitador e como
concentrador ao passo que retira apenas a água dos reservatórios aumentando a concentração
dos sais.
Outro ponto importante
é o acompanhamento da salinização dos reservatórios do semi-árido intensificado
pelas altas taxas de evaporação. È necessário, então, se entender o fenômeno da
evaporação para se conviver com ele, já que seus efeitos não se evitam, mas se
gerenciam.
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